POLÍTICA
“Pediram para eu assinar uma carta de renúncia e eu disse: Não, eu tenho que falar com o Wilson” disse Pauderney Avelino
O ex-deputado federal, Pauderney Avelino disse que não houve irregularidades na convenção do diretório estadual do União Brasil a qual ele foi conduzido por unanimidade para o cargo de presidente da sigla no Amazonas. Em coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (22), ele afirmou que não fala com o governador Wilson Lima desde fevereiro e que não teria problemas de passar o comando do partido desde que a mudança tivesse sido negociada.
Por outro lado, Pauderney afirmou que não houve acordo prévio para que Wilson assumisse o diretório estadual do partido. “Em nenhum momento durante todo o processo de vinda dele foi tratado a questão dele assumir a presidência do partido”, declarou ao narrar um conversa que teria tido com o governador após assumir a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti).
“Em um determinado momento o governador chegou para mim e disse: Pauderney, vou assumir o partido. Isso no início de fevereiro quando eu já era secretário, e eu disse: mas isso a gente não conversou Wilson, e ele disse: não, nós conversamos, foi um acordo. E eu disse: comigo não, mas vamos conversar, vamos construir isso. E [o governador disse]: vamos construir sim e eu não vou ti atropelar”, revelou o ex-deputado federal.
Após a conversa com Wilson, Pauderney teria interpelado o diretório nacional do União Brasil, inclusive o vice-presidente do partido Antônio Ruela, com que foi tratado diretamente a filiação do governador. “Em nenhum momento essa conversa de passar o partido para o governador foi tratada”.
Para que a presidência do partido passasse para as mãos de Wilson, segundo Parderney, teriam duas formas: a interferência do diretório nacional a mando do secretário-geral do União, ACM Neto, e do presidente nacional, Luciano Bivar, ou por meio de uma carta de renuncia assinada por Avelino, algo que não ocorreu apesar de dois pedidos por ligação telefônica feitos por uma pessoa supostamente “ligada ao governador”.
“Pediram para eu assinar uma carta de renúncia e eu disse: não, isso no telefone, eu tenho que falar com o Wilson para sentar e definir em que base a gente vai cuidar dessa questão partidária, qual vai ser a minha participação no partido. Dentro desse processo, como secretário, tínhamos vários problemas. Eu era recebido por ele no colegiado de secretários, quando eventualmente tinha reunião com ele, era com terceiros. Eu dizia que tinha que conversar com ele e ele sempre adiando a conversa”, disse Pauderney.
Por regra definida no estatuto do partido as convenções estaduais para escolha do comando da sigla teriam que ser feitas até dia 30 de abril. Antes disso, deveriam ser realizadas ao menos 5% das convenções municipais no estado, o que, segundo Pauderney já havia sido organizado. No início de abril, em reunião virtual com o Rueda e ACM Neto foi decida a convocação de Wilson Lima, no dia 11 de abril, para reunião on-line com intuito de comunicar a realização das convenção. O governador, no entanto, não teria comparecido por conflitos na agenda. A convenção do partido ocorreu no dia 30 de abril e reconduziu Parderney para a presidência do partido.
O União Brasil permanece sem nomes no diretório estadual, até que seja definida uma comissão provisória. Pauderney reafirmou que respeita a decisão do juiz José Renier Guimarães 5ª Vara Cível e Acidentes de Trânsito de Manaus que, na quarta-feira, suspendeu os efeitos da convenção do diretório estadual do União Brasil.
Nesta segunda-feira, a desembargadora, Socorro Guedes 2ª Câmara Cível acolheu, sem análise do mérito, o recurso de Pauderney, mas negou a suspensão em caráter provisório da decisão do juiz de primeira instância. A magistrada abriu vistas para o Ministério Público do Amazonas (MP-AM), decorrido o prazo ela deve avaliar novamente o caso.
O ex-deputado afastou a possibilidade de sair do partido. Com 26 filiado a sigla, Pauderney foi deputado federal pelo antigo PFL, e acompanhou todas as mudanças de nomenclatura. Em 2007 a sigla se tornou o Democratas e em 2021, com a fusão com o PSL foi rebatizado de União Brasil.
“Confio na justiça do Amazonas e na justiça brasileira e entendo que é um processo que nós realizamos no âmbito administrativo. O partido é uma entidade pública, mas de direito privado. Estamos muito confiantes que essa resposta ao recurso que nós entramos no TJAM possa vir a ser dada dentro desses critérios, sendo observado o trâmite, o estatuto do partido e esperamos obter uma decisão favorável”, reformou Pauderney.
Fonte: Acritica