AMAZONAS
Amazonas já vive a terceira onda, afirma pesquisador
No campo da epidemiologia se entende por onda um aumento acentuado no número de casos. Segundo os especialistas, o termo não tem como embasamento critérios científicos, mas este vem sendo uma forma utilizada com frequência por cientistas para alertar as autoridades a tomarem providências.
Manaus já vive a terceira onda, isso porque já ocorreu um aumento no número de casos de pessoas diagnosticadas com covid-19, de acordo com o biólogo e doutorando do Programa de Biologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Lucas Ferrante.
A Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) já emitiu alerta, no dia 21 de maio, após avaliar aumento de risco que pode colocar o Amazonas na fase vermelha da Covid-19. O crescimento de casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) é um dos principais fatores, mas também inclui a taxa de ocupação hospitalar. Atualmente Manaus está na fase laranja.
A conclusão dos cientistas sobre Manaus já estar vivendo a terceira onda vem de um estudo baseado no modelo SEIR (Suscetíveis- Expostos-Infetados-Removidos) em que eles consideram todos os indivíduos e a taxa dessas categorias para verificar o aumento de casos e assim prever um cenário, com semanas ou meses de antecedência, com o objetivo que seja tomada uma medida antecipada para prevenir mortes.
“Este é o melhor modelo que avaliou toda a população de Manaus e analisou tanto suscetíveis, como expostos, infectados e os recuperados. Este modelo é capaz de reconstruir as dinâmicas epidemiológicas da capital amazonense. Ele é considerado como Standard em epidemiologia, um modelo padrão”, explica Ferrante.
Transmissão
O doutorando alerta também que pessoas já vacinadas também podem transmitir o coronavírus, a diferença de estar vacinado é que elas apresentam a forma leve da doença. “
Não se diminui a transmissão viral com a vacinação. Isso pode causar novos casos e até contaminar os familiares daqueles que estão em atividade, por isso, eu defendo que o retorno das aulas não deva ocorrer agora. Mesmo vacinando os professores, eles vão levar isso aos familiares e aí se tem uma maior disseminação viral. E essa maior circulação viral pode gerar o surgimento de novas variantes”- Lucas Ferrante, Pesquisador
Para reforçar o alerta, Ferrante cita um estudo da Journal of Racial and Ethnic Health Disparities que mediu as taxas de imunizados em Manaus, considerando as pessoas que já tomaram vacina e aquelas que tiveram contato natural com o vírus. O estudo mostrou que quem foi diagnosticado com a Covid-19 perdeu a imunidade a partir de 270 dias, em média.“
Manaus está desprotegida. Nós temos um cenário de que muitas pessoas que se contaminaram na primeira e segunda onda já perderam a imunidade de fato, e 20% de vacinados é pouco. Já sabemos também por meio deste estudo que não precisa de uma nova variante para gerar uma nova onda. A segunda onda em Manaus também mostrou isso. Não foi a variante P1 que gerou a segunda onda, foi o retorno das aulas presenciais”- Lucas Ferrante, biólogo e doutorando do Programa de Biologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa)
Fase laranja
Análises epidemiológicas mostram que o Amazonas está na fase laranja. No dia 21 de maio a FVS emitiu um alerta apontando um salto de 16 para 19 pontos na classificação de avaliação de risco sobre o cenário da pandemia no Amazonas
A taxa de ocupação de leitos de UTI por covid-19 está em 55,2% até está terça-feira (1). A taxa de UTI geral é de 78,6%. O Amazonas já está prestes a atingir a marca de 13000 mortes. O painel covid-19 da FVS mostra que 12.996 pessoas perderam sua vida para a doença.
Fonte: Em tempo