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Refrigeradores e congeladores brasileiros irão receber novos níveis máximos de consumo de energia
Os refrigeradores e congeladores brasileiros irão receber novos níveis máximos de consumo de energia. A medida determina que os fabricantes deverão parar de produzir refrigeradores e congeladores que estejam abaixo dos novos níveis a partir de 2024, para que o consumidor tenha acesso a aparelhos com consumo menor de energia. A decisão é de uma resolução publicada nesta sexta-feira (8), pelo Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética (CGIEE).
A mudança se estenderá até o ano de 2028, pois a nova portaria prevê um período de adaptação da indústria e do mercado aos novos padrões, que serão organizados em duas etapas.
Na segunda etapa, a partir de janeiro de 2026, será proibido fabricar e importar aparelhos abaixo desse novo nível mais rigoroso. Na prática, o consumidor começará a sentir a mudança apenas a partir do início de 2027.
De acordo com a análise do Presidente Executivo da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Jorge Junior, a resolução pode ser prejudicial para o consumidor brasileiro, podendo impactar o mercado de refrigeradores.
“Essa medida tira do mercado 83% dos refrigeradores que já são comercializados hoje no Brasil. No nosso entendimento, foi uma visão, uma decisão extremamente equivocada do Ministério das Minas e Energia ao estabelecer o novo índice de eficiência energética em pouco tempo. A implementação é com índices muito ousados. Nenhum país do mundo tem esses índices”, disse
De acordo com o presidente, a produção de geladeiras e refrigeradores ocorre nos estados de Ceará, São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso e por conta disso, não deverá afetar a Zona Franca de Manaus. Entretanto, a resolução poderá trazer alta nos preços dos produtos e gerar desempregos.
“Ele é prejudicial à sociedade, pelo lado social, que vai ter desemprego. Para a economia vai ser muito ruim, porque vai aumentar a retração do consumo, porque os preços dos refrigeradores que estão no mercado vão ficar ainda mais caros. E ambientalmente, as pessoas vão continuar com seus refrigeradores mais antigos. Não vão ter acesso a produtos mais eficientes. Então, no nosso entendimento, foi uma decisão realmente equivocada do governo federal”, afirmou
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes a 2018 mostram que 98,3% dos domicílios do país têm geladeira
Pedido de revisão da resolução
Segundo Jorge Junior, foram realizadas audiências públicas e diversas reuniões com os ministérios, alertando das problemáticas, mas que não foram ouvidos.
“Nós participamos de audiência pública, nós participamos da consulta pública, fizemos várias reuniões com o Ministério da Indústria, com o Ministério de Minas e Energia. Com o próprio CGIE, que é o comitê que trata do assunto. Nós levamos estudos técnicos mostrando todos os danos. Infelizmente, eles não consideraram”, explicou o presidente da Eletros.
Uma nova tentativa de revisão será realizada para que seja alterada a resolução.
“A gente vai voltar com o Ministério para que ele faça a revisão.Vamos ratificar a posição e buscar sensibilidade para mostrar os danos de fato à economia, ao meio ambiente e à geração de emprego”, informou.
Fonte: A Crítica