POLÍCIA
Alianças improváveis alimentam o tráfico nas profundezas da Amazônia
Facções criminosas na região amazônica têm recorrido a parcerias inesperadas para manter o controle das rotas do tráfico, mesmo diante da presença dominante de organizações criminosas de São Paulo e Rio de Janeiro. De acordo com informações obtidas pelo UOL, a facção paraense CCA (Comando Classe A) firmou alianças estratégicas com o PCC (Primeiro Comando da Capital) e ex-membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), além de contar com a colaboração de cartéis colombianos.
O CCA, também conhecido como 331, visa proteger uma rota específica do tráfico na Amazônia, colaborando com o PCC e ex-guerrilheiros das Farc há, pelo menos, oito anos. Os cartéis colombianos, em uma mudança de estratégia, adotaram uma abordagem mais conciliatória, buscando negociações com o mercado consumidor, facções brasileiras e atuando no tráfico internacional. A parceria entre CCA e cartéis colombianos concentra-se na rota do Rio Solimões até o Porto de Barcarena (PA), de onde a droga é enviada para a Europa. Os cartéis terceirizaram a fiscalização desses trajetos, contando com a colaboração de facções locais, como o CCA, para monitorar o percurso até o destino final, visando reduzir desvios de cargas.
Investigações apontam parcerias do CCA com o PCC, sugerindo que Lucenildo Barbosa, líder da facção paraense, possa estar na Bolívia, onde membros da cúpula do PCC têm presença.
O Ministério Público do Pará alerta para o crescimento e expansão do CCA, comparando-o ao PCC, indicando que, em alguns anos, a organização paraense pode atingir o status de cartel do narcotráfico. O Acre tornou-se um corredor logístico crucial para o tráfico, alimentando principalmente a rota do Solimões no Amazonas. Enquanto isso, a disputa territorial entre organizações criminosas como CV, PCC e Bonde dos 13 aumenta, e o aumento da produção de cocaína na região de Ucayalli, na fronteira com o Peru, preocupa as autoridades.
Facções locais, como FTA (Família Terror do Amapá) e UCA (União Criminosa Amapaense) no Amapá, também intensificaram suas atividades, estabelecendo vínculos com facções paulistas e cariocas para ampliar seu domínio nas disputas por pontos de comércio de drogas em Macapá. A intricada rede de alianças e rivalidades destaca os desafios para conter o avanço do tráfico na Amazônia, enquanto a produção crescente e a busca por rotas estratégicas mantêm a tensão e a violência entre as organizações criminosas na região.