NACIONAL
Governo aprova aumento da mistura de etanol na gasolina em meio à guerra entre Israel e Irã
Medida foi aprovada no Conselho Nacional de Política Energética na manhã desta quarta-feira; mistura na gasolina passa para 30%
O CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), órgão vinculado ao governo federal e presidido pelo Ministério de Minas e Energia, aprovou nesta quarta-feira (25) o aumento da mistura do etanol na gasolina e no biodiesel. A medida é adotada em meio ao risco de aumento do preço do petróleo devido ao conflito entre Israel e Irã, no Oriente Médio.
Agora, o percentual de etanol na gasolina passou de 27% para 30% e, no biodiesel, subiu de 14% para 15%. A informação foi confirmada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em evento no auditório da pasta.
O ministério defende que as novas regras reduzem a dependência brasileira de combustíveis fósseis, “diminuindo a necessidade de importações em um momento de incertezas no mercado global”.
Importância da medida
A estratégia foi elogiada pela Frente Parlamentar Mista do Biodiesel. “É importante salientar que a decisão é fruto de uma decisão de Estado, consolidada entre os poderes Executivo e Legislativo a partir da Lei do Combustível do Futuro, diante do entendimento que é necessário fortalecer a segurança energética e alimentar dos brasileiros”, declararam em nota.
Segundo a frente, a medida garante a “expansão de investimentos na ordem de R$ 220 bilhões; impulsiona a transição energética, reduz a emissão de gases estufa, além de estabilizar os preços da cadeia de proteínas”.
“Por isso, é preciso reforçar que os ataques aos biocombustíveis, especialmente o biodiesel, na iminência do aumento da mistura, não condizem com a realidade. Já está demonstrado cientificamente que os biocombustíveis têm um impacto relevante e benéfico nos aspectos socioeconômicos, como na produção de alimentos, preservação ambiental e saúde pública. Ou seja, as vantagens socioeconômicas dos biocombustíveis são inúmeras”, diz a Frente.
Segundo a nota, assinada pelo presidente da Frente, deputado Alceu Moreira (MDB/RS), o aumento da mistura de etanol no biodiesel poderá trazer um crescimento mensal do PIB de 0,36%.
“A Abiove [Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais] estima que, com o aumento da mistura para 15%, a demanda por óleo de soja no último trimestre de 2025 crescerá para 150 mil toneladas, a demanda por esmagamento, para 750 mil e a de farelo de soja, para 600 mil, reduzindo os custos para o agronegócio brasileiro”, defende.
A nota acrescenta que esses efeitos benéficos também potencializam a agricultura familiar. “Cerca de 75 mil famílias estão ligadas ao setor. A demanda maior por biodiesel amplia a produção das famílias, sendo uma injeção direto de recursos, melhorando condições de financiamento, contratos e fornecimento de assistência técnica”, observa.
Escala de tensão
A nota afirma que, no contexto da guerra entre Irã e Israel e no risco do fechamento do estreito de Ormuz, rota responsável por 30% do comércio do petróleo mundial, assim como a continuidade dos conflitos entre Rússia e Ucrânia e as tensões econômicas entre Estados Unidos e China, o “preço do petróleo subiu 26% em apenas três semanas”.
“O que eleva os preços dos combustíveis, tendo, portanto, um efeito inflacionário na economia como um todo. Já o biodiesel não é tão suscetível a choques internacionais, pois o preço da soja, seu principal insumo, é mais estável que o petróleo. Nesse cenário, portanto, os biocombustíveis possuem um efeito deflacionário em comparação aos combustíveis fósseis”, avalia.
Fonte: R7