INTERNACIONAL
Trump pede total rendição do Irã enquanto EUA movem caças para o Oriente Médio
O presidente dos EUA também afirmou que seu governo não pretende matar o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, ‘por enquanto’
Em meio ao conflito entre Israel e Irã, as Forças Armadas dos Estados Unidos enviaram nesta terça-feira mais aviões caças para o Oriente Médio, reforçando seu poderio militar na região, segundo a agência Reuters. Uma das autoridades entrevistadas pela agência revelou que foram enviados os caças F-16, F-22 e F-35. O presidente dos EUA, Donald Trump, pediu, em uma publicação nas redes sociais, a “rendição total” do Irã e afirmou que não pretende matar o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, “por enquanto”.
Outras duas das autoridades afirmaram que os aviões podem ser usados para abater drones e projéteis, que estão sendo amplamente utlizados no conflito desde a última sexta-feira.
Trump afirmou que o Irã “tem uma abundância de equipamentos defensivos”, mas assegurou que “não se compara aos fabricados, concebidos e produzidos nos Estados Unidos”. “Ninguém faz isso melhor do que os Estados Unidos”, escreveu Trump em sua rede Truth Social nesta terça-feira, no quinto dia de conflito entre Israel e Irã.
Além disso, o republicano disse que seu governo não pretende matar o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, “por enquanto”.
“Sabemos exatamente onde o chamado ‘Líder Supremo’ está escondido”, acrescentou Trump. “Ele é um alvo fácil, mas está seguro lá. Não vamos matá-lo, pelo menos não por enquanto. Mas não queremos mísseis disparados contra civis ou soldados americanos. Nossa paciência está se esgotando”.
O presidente afirmou, também nesta terça, que busca um “fim real” para o conflito, e não apenas um cessar-fogo. O republicano, por sua vez, rejeitou a informação de que tenha procurado Teerã para iniciar conversas de paz.
— Não estou buscando um cessar-fogo, estamos buscando algo melhor do que um cessar-fogo — disse Trump à imprensa a bordo do Air Force One, pouco antes de retornar aos EUA após uma breve reunião de cúpula do G7 no Canadá.
Questionado sobre o que queria dizer com “algo melhor”, o republicano enfatizou que deseja que o Irã “ceda completamente”, e que busca “um fim real, não um cessar-fogo” para o conflito. Trump ainda advertiu que o Irã estava ciente de que não deveria tocar em tropas americanas na região, sob risco de enfrentarem uma resposta “firme” e “sem rodeios”.
Apesar de ter declarado aos jornalistas que “não estava no clima” para negociar, ele disse que estava considerando enviar o vice-presidente, JD Vance, e o negociador Steve Witkoff para conversas com os iranianos, a depender do que acontecesse quando voltasse a Washington.
Participação dos EUA no conflito
Trump deve estar ponderando se deve entrar no conflito ajudando Israel a destruir a instalação de enriquecimento nuclear do Irã, que somente o maior “destruidor de bunkers” dos EUA consegue alcançar. Se ele decidir prosseguir, os Estados Unidos se tornarão participantes diretos de um novo conflito no Oriente Médio, o que Trump jurou, em duas campanhas, evitar.
Autoridades iranianas já alertaram que a participação americana em um ataque às suas instalações colocará em risco qualquer chance remanescente do acordo de desarmamento nuclear que Trump insiste que ainda tem interesse em buscar.
O presidente disse na última segunda-feira que “acho que o Irã está basicamente na mesa de negociações, eles querem fazer um acordo”. A urgência parecia aumentar. Naquela noite, a Casa Branca anunciou que Trump deixaria a cúpula do G7, no Canadá, mais cedo devido à situação no Oriente Médio.
— Assim que eu sair daqui, vamos fazer alguma coisa — afirmou o republicano, sem explicar o que pretende fazer.
Em dado momento, Trump encorajou seu enviado para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e o vice-presidente J.D. Vance, a se encontrarem com os iranianos, segundo uma autoridade americana. Porém, se esse esforço diplomático fracassar, o presidente ainda terá a opção de ordenar que outras instalações nucleares em Fordo sejam destruídas.
Há apenas uma arma para essa tarefa, afirmam os especialistas. Chama-se “Massive Ordnance Penetrator” e pesa 13.660 kg. Israel, no entanto, não possui a arma. Portanto, se Trump recuar, pode significar que o principal objetivo de Israel na guerra nunca será alcançado.
Agora, a pressão é grande. O ex-ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, disse à CNN na última segunda-feira que “o trabalho tem que ser feito por Israel, pelos Estados Unidos” — uma aparente referência ao fato de que a bomba teria que ser lançada por um piloto americano em um avião americano. Para Gallant, Trump tinha “a opção de mudar o Oriente Médio e influenciar o mundo”.
Mas os republicanos não estão muito unidos nessa visão. E a divisão no partido sobre a decisão de usar ou não uma das armas mais poderosas dos EUA para ajudar seu aliado evidenciou uma segregação muito mais profunda. Não se trata apenas de paralisar as instalações nucleares de Fordo, mas de uma visão do MAGA sobre que tipo de guerras os Estados Unidos devem evitar a todo custo.
Fonte: O Globo