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Famílias improvisam casas em barcos e tentam salvar móveis da cheia em Manaus

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Capital do Amazonas já registra a terceira maior cheia da história, desde o início dos registros em 1902.

Quase 24 mil pessoas em 15 bairros de Manaus já foram afetadas pela cheia do Rio Negro, que nesta terça-feira atingiu os 29,74 metros. Já é a terceira maior da história, desde o início dos registros em 1902. Na capital, famílias tentam salvar o pouco que têm.

Para sair de casa, as pessoas dependem de pontes de madeiras, muitas delas frágeis, e quando acaba a madeira, o jeito é improvisar ou enfrentar a água. A casa da aposentada Olga Pinheiro, de 71 anos, está toda alagada. Ela perdeu quase tudo.

Foi preciso madeira, aí eu tive que vender minha máquina de lavar, minha botija de gás para comprar madeira e pagar os rapazes para fazer aqui, porque eu não tive ninguém para me dar madeira”, lamenta a idosa.

O catador de lata Marçal Silva busca madeira dentro da água. Ele aproveitou uma parte da antiga casa para construir essa pequena moradia flutuante.

“Eu fiz provisório também, eu fiz dentro d’água, então não é bem seguro, porque passa lancha aqui, a gente pede para eles passar mais devagarinho”, diz.

Em outro ponto da capital, a água já mudou a vida de muita gente. Há casas com o nível da água perto do telhado.

A dona de casa Josilene teve que se mudar para um barco. A família conseguiu salvar alguns móveis e mora na embarcação de forma improvisada, até que possam voltar para casa.

“Está muito difícil. Conseguimos esse barco para morar nele, aqui está muito difícil, porque o aluguel está muito caro. As coisas estão aqui, o resto das coisas nós perdemos, cama das crianças, perdemos tudo, ventilador foi para o conserto essa semana”.

O construtor naval Alcemiro Miranda já não consegue mais ir trabalhar.

“Prefiro andar de canoa do que passar por essa ponte de vez em quando, se vier correndo, vai ficar sem cabeça, porque vem dando topada nos paus aqui, nas casas. Isso aqui não é vida não, é difícil”, diz.

A dona de casa Nizomar Gomes está vivendo no segundo andar de casa, mas quase tudo ficou na parte de baixo.

“Do assoalho para o chão tem mais de dez metros. O meu maior medo é as crianças caírem na água, a casa desabar. Não tem para onde irmos, está todo mundo aguentando aqui mesmo”, diz.

O engenheiro Valderino Pereira, que trabalha no Porto de Manaus, cuida do livro que tem as medições desde 1902.

“Até hoje ninguém conseguiu decifrar muita coisa da natureza, as variações são muitas, então, ninguém pode dizer o que vai acontecer amanhã, quanto mais daqui a dez quinze dias”, afirma.

O Rio Negro já atingiu o centro histórico de Manaus. Entre os pontos turísticos atingidos está o Prédio da Alfandega.

Em todo o estado, 52 dos 62 municípios registram prejuízos com o avanço das águas e 25 estão em situação de emergência. Seis estão em situação de atenção. Mais de 400 mil pessoas já foram afetadas, segundo a Defesa Civil.

Fonte: G1

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