INTERNACIONAL
Assessora renuncia após fala nazista do primeiro-ministro da Hungria
No último sábado (23/7), o premiê ultradireitista afirmou que os húngaros “não querem se tornar um povo mestiço”.

Após a repercussão de falas consideradas nazistas, proferidas pelo primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, a ministra da Inclusão Social do país, Zsuzsa Hegedus, e assessora direta dele, renunciou do cargo. A saída foi anunciada na terça-feira (26/7).
No último sábado (23/7), o premiê ultradireitista afirmou que os húngaros “não querem se tornar um povo mestiço”. A declaração foi dada durante um evento na Romênia.
“Existe um mundo em que os povos europeus são misturados com aqueles que chegam de fora da Europa. Esse é um mundo de raças mistas. E há o nosso mundo, em que as pessoas da Europa se deslocam, trabalham e se mudam. É por isso que sempre lutamos, estamos dispostos a nos misturar, mas não queremos nos tornar povos mestiços”, afirmou.
A fala causou revolta e foi considerada nazista por diversas personalidades. De acordo com a imprensa local, Zsuza afirmou que o premiê “passou dos limites”.
“Não sei como você não percebeu que o discurso que fez é uma diatribe puramente nazista digna de Joseph Goebbels”, afirmou a ex-ministra, em carta de demissão direcionada ao premiê.
A fala de Orbán também foi duramente criticada pelo Comitê Internacional de Auschwitz, que reúne familiares e sobreviventes do Holocausto. Em declaração transmitida a agências internacionais de notícias, o vice-presidente do grupo, Cristoph Heubner avaliou o discurso como “estúpido e perigoso”.
Discurso antidemocrático
Orbán exerce o cargo de primeiro-ministro húngaro desde 2010. Ele já havia comandado o país em outra oportunidade, entre 1998 e 2002. Nesta segunda passagem pelo cargo, Orbán tem sido acusado de levar o país a uma guinada autoritária.
No período que está no poder, foram apontadas deteriorações em instituições democráticas, em especial a imprensa. Orbán também foi acusado de aumentar a tributação para emissoras de TV e cortar anúncios do governo, além de ter adotado medidas para dificultar o acesso a informações públicas.
Próximo de figuras como o presidente da Rússia, Vladimir Putin, Orbán é aplaudido por conservadores do mundo todo pela defesa de “valores tradicionais”.
O premiê esteve no Brasil em janeiro de 2019 por ocasião da posse de Jair Bolsonaro (PL) como presidente da República. No dia seguinte à cerimônia, ele foi recebido pelo mandatário brasileiro no Palácio do Planalto.
Fonte: Metrópoles
