MANAUS
Moradores da Zona Leste de Manaus vivem situação caótica a cada chuva

Cortada pelo Igarapé do Mindu, a Comunidade de Deus, bairro São José 2, Zona Leste de Manaus, vive uma situação dramática a cada chuva, mas a manhã deste sábado (25), mostra um retrato do que, segundo os moradores, tem se tornado ainda mais frequente: a inundação das vias em questão de minutos de chuva.
Os comunitários contam que desde a gestão de Arthur Virgílio Neto (PSDB), havia uma promessa para reestruturação do rip-rap que corta as residências e está cedendo em diversos trechos. A obra realizada no ali, ao invés de ajudar, acabou complicando a situação dos moradores, pois com o estreitamento do leito do igarapé, a água não tem por onde escoar e invade as casas, inclusive pela tubulação. No local também é possível ver o acumulo de lixo.
Na residência do pedreiro, Nancir Barauna Cabral, 43, ainda era possível ver a marca que o transbordo do igarapé deixou na parede. Ele e a família, tentavam salvar os móveis. Lá o muro veio abaixo devido à força da água. Até as 12 horas nenhum órgão público prestou assistência às famílias.
“O igarapé enche e não tem como escoar a água e vai alagando e tomando de conta. O muro caiu na minha perna e eu estou até cambaleando. Eu ia quebrar a parede para água poder escoar, mas o muro cedeu e eu me joguei pra baixo da escada”, narrou o morador da comunidade há 35 anos.

Na casa da dona casa, Rosenita de Freitas, 60, não foi diferente. Com pneumonia, ela e a família tentava salvar o que restou dos móveis. Com lágrimas nos olhos, ela conta que em menos de 1 hora a água tomou conta dos cômodos. Na casa da filha dela, a situação é ainda mais perigosa, pois a alvenaria começou a ceder para dentro do igarapé e as paredes apresentam rachaduras.
“Eu quero ir embora daqui. Toda vez que alaga é desse jeito. Foi embora tudo que a gente já tinha recomprado. Na outra alagação nós perdemos tudo, tudo tudo (sic), cama , sofá, geladeira, freezer, fogão e dessa vez foi a mesma coisa”, contou a Rosenita.
A vendedora Maria Nacir dos Santos, 60, disse que ligou diversas vezes para o número da Defesa Civil, mas não foi atendida. Na casa ao lado, que também foi tomada pela água, mora o irmão dela, que usa cadeira de rodas.
“Quando eu vi a chuva forte eu me levantei e quanto eu vi já estava tudo alagado. Eu chamei meu filho que mora lá em cima, mas a água veio com tanta força que derrubou o portão e foi invadindo. A água vinha pela tubulação, pelo vaso sanitário, pelo ralo do banheiro. Eu não sei nadar, nem eu nem minha neta, e nós íamos morrer afogadas porque a defesa civil não atendia”, disse.
Manifestação por melhorias
Durante a manhã, os comunitários organizaram uma manifestação e fecharam uma pista da Av. Grande Circular, afim de chamar atenção do poder público após a chuva torrencial deste sábado. Somente na Zona Leste, em 24 horas, foi registrado cerca de 100 milímetros de chuva segundo o Inmet.
A reportagem questionou a Prefeitura de Manaus sobre uma possível intervenção na comunidade e aguarda o posicionamento para que esse texto seja atualizado.
Fonte: Acritica.com
