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POLÍTICA

‘Melancias traidores’, ‘casamento forçado’: como foi a treta no ‘zap’ do PL

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Uma discussão acalorada no grupo de WhatsApp que reúne os deputados federais do PL, após a aprovação da Reforma Tributária, evidenciou o racha na bancada e exigiu intervenção de lideranças da legenda para evitar novas desavenças.

O grupo alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, contrário à reforma, e a ala do Centrão, que se posicionou a favor das mudanças — agenda de interesse do presidente Lula —, envolveram-se num bate-boca virtual no domingo com direito a xingamentos, acusações e até ameaça de saída do partido. Líder da sigla na Câmara, Altineu Côrtes (RJ) se reunirá esta semana com Bolsonaro e o comandante nacional da legenda, Valdemar da Costa Neto, para “conter os ânimos”.

O teor das mensagens, reveladas pelo GLOBO, foi confirmado por cinco dos parlamentares envolvidos. Após o bate-boca virtual, alguns deputados favoráveis à reforma já admitem a possibilidade de pedir à Justiça Eleitoral para deixar o PL sem ferir a regra da fidelidade partidária.

Eles são minoria no partido, que tem 99 deputados e se tornou o maior da Câmara após a filiação em massa de aliados de Bolsonaro. Na votação em primeiro turno da proposta que muda o sistema de impostos do país, a sigla deu 20 votos a favor, enquanto 75 foram contrários.

Veja alguns dos principais momentos da briga

Foto: Editoria de Arte

Na tarde de domingo, diante da discussão, Altineu decidiu bloquear o grupo para que ninguém mais pudesse enviar mensagens. Mas já era tarde. Expressões como “melancias traidores” (comunistas) e “extremistas” deram o tom da nova realidade da sigla.

“Tá igual o PSL”, comentou um dos deputados. Antes de se fundir com o DEM, o PSL se desintegrou em 2019, após apoiadores fiéis a Bolsonaro e outra parte da bancada entrar em uma briga fratricida.

— Vamos tratar desta questão nesta semana, vamos conversar. Um deputado não pode coagir o outro e ficar fiscalizando, sem que o partido tenha fechado questão sobre o tema. Isto não será aceito no PL — disse Altineu.

O PL orientou o voto contra a Reforma Tributária, mas não fechou questão, o que permite a livre escolha do parlamentar.

— O PL não se tornará o novo PSL. Não tememos debandada, já que contamos com a fidelidade partidária e os mandatos são do partido, mas as lideranças precisam conversar e conter os ânimos, sim — afirmou o líder da bancada.

A discussão no grupo do PL esquentou no domingo quando Vinícius Gurgel (AP) passou a reclamar de “extremistas” e da perseguição, nas redes sociais, aos 20 parlamentares favoráveis à reforma; ele, inclusive. Segundo um deputado próximo a Gurgel, o acirramento entre as duas alas vem desde a votação do arcabouço fiscal, projeto que a sigla ajudou a aprovar dando 30 votos.

‘Casamento forçado’

Em meio ao bate-boca, Eduardo Pazuello (RJ), ex-ministro da Saúde de Bolsonaro, tentou apaziguar: “O nome do nosso partido é Partido LIBERAL. Só pelo nome não cabe radicalismo e acusações!”.

Não teve sucesso. A discussão prosseguiu com Gurgel afirmando que o partido parecia “casamento forçado” e lamentou: “Tristeza vcs terem vindo pro PL”.

A discussão então descambou para acusações sobre processos a que os parlamentares respondem.

Procurada, Julia Zanatta lamentou que a briga no grupo de mensagens tenha se tornado pública e reforçou que há um “incômodo” entre a minoria da sigla com os parlamentares que votaram contra a Reforma Tributária.

— Cada um precisa sustentar o seu o voto. É claro que pode haver pressão e críticas — disse ela.

Amaral preferiu não comentar “para não prejudicar o partido”. Gurgel, por sua vez, negou a intenção de sair do partido e voltou a criticar colegas que o atacaram no grupo:

— Muita gente pensa em sair do partido, porém, sou muito leal ao presidente Valdemar. Se me expulsarem, tudo bem.

Jordy e Fernandes não responderam. A aliados, Valdemar tem dito que os ânimos dos parlamentares vão se acalmar com o início do recesso na próxima semana.

Fonte: Globo.com

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