POLÍCIA
Investigação em Pernambuco Expõe Esquema Bilionário de Lavagem de Dinheiro em Empresas de Apostas Ilegais
Uma operação da Polícia Civil de Pernambuco revelou um esquema bilionário de lavagem de dinheiro envolvendo empresas de apostas ilegais, patrocinadores de grandes campeonatos de futebol e bens de luxo, incluindo joias, carros esportivos e até aviões particulares. Entre os investigados, está a advogada e influenciadora Deolane Bezerra, de 35 anos, e sua mãe, Solange Alves Bezerra Santos, ambas presas no último dia 4 de setembro sob suspeita de integrar uma organização criminosa.
O esquema, que movimentou bilhões de reais, tem como principal alvo Darwin Henrique da Silva Filho, proprietário da empresa Esportes da Sorte. A empresa é conhecida por patrocinar grandes times da Série A do Campeonato Brasileiro e a Copa Libertadores. Darwin Filho, herdeiro de um bicheiro de Fortaleza, mantinha um estilo de vida luxuoso, possuindo carros como Porsche, Ferrari e Lamborghini, além de um jato particular avaliado em R$ 11,9 milhões e joias, incluindo um colar de ouro de R$ 119 mil.
Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicam que Darwin Filho recebia grandes somas de dinheiro vivo, com depósitos fracionados que somaram R$ 2 milhões em um curto período. Ao confrontar esses valores com os rendimentos declarados à Receita Federal, a investigação descobriu uma discrepância de 965%, evidenciando indícios de lavagem de dinheiro.
Além de Darwin Filho, outros suspeitos, como Thiago Presser e Edson Lenzi, estão envolvidos no esquema. Juntos, movimentaram R$ 101 milhões, bem acima dos R$ 38,8 milhões que haviam declarado. Presser e Lenzi operavam por meio da Pay Brokers, empresa intermediária de pagamentos em jogos de azar, que também apresentou movimentações incompatíveis com os rendimentos declarados.
Outra empresa sob investigação é a Pix365, pertencente a José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Truta Henriques Rocha. José André é proprietário de um jato Cessna avaliado em R$ 30 milhões, enquanto Aislla, que declarou patrimônio de apenas R$ 98 mil, movimentou R$ 19 milhões e gastou R$ 11,3 milhões em itens de luxo, incluindo compras milionárias em marcas como Hermès e Dolce & Gabbana.
A operação que prendeu Deolane Bezerra e outros suspeitos incluiu mandados de busca e apreensão e o bloqueio de bens que totalizam até R$ 2 bilhões. Com sede em outros países e ligações com o jogo do bicho, as empresas investigadas utilizavam o patrocínio de grandes competições esportivas como fachada para a lavagem de dinheiro.