POLÍTICA
“Isso é criminoso”: Wilker Barreto denuncia precarização da saúde e critica governo Wilson Lima sobre situação no 28 de Agosto
Amazonas – O deputado estadual Wilker Barreto (Mobiliza) fez um forte desabafo nas redes sociais nesta segunda-feira (16), alertando sobre o colapso iminente na saúde pública do Amazonas, especialmente no Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto. Segundo o parlamentar, a gestão do hospital pela Organização Social (OS) Agir, de Goiás, está colocando vidas em risco e não possui a estrutura necessária para gerenciar uma das maiores unidades de saúde do estado.
Barreto criticou duramente a decisão do governo de Wilson Lima de entregar a gestão de unidades tão cruciais a uma organização social de fora do estado. Ele afirmou que a mudança de gestão está sendo feita sem planejamento adequado, o que está resultando em um caos no atendimento e uma grave redução na qualidade dos serviços prestados à população.
“Isso é criminoso. Vidas estão sendo colocadas em risco neste exato momento. Estão querendo privatizar a saúde do Amazonas, e os profissionais estão sendo deixados de lado. Não há planejamento para assumir o hospital, e ninguém sabe quem vai tocar o 28 de Agosto”, afirmou o deputado, preocupado com a diminuição de médicos e a falta de condições de atendimento no hospital.
Redução de Leitos e Profissionais
A crise no Hospital 28 de Agosto é preocupante. De acordo com informações de médicos e coordenadores da unidade, o número de leitos foi drasticamente reduzido, especialmente na área de ortopedia, onde a quantidade de leitos caiu de mais de 100 para apenas 36. A transição da gestão para a Organização Social Agir tem sido marcada por atrasos no pagamento dos profissionais e uma série de problemas administrativos. Médicos relataram que, apesar de o hospital contar com um grande número de pacientes, a redução da equipe e dos recursos está comprometendo o atendimento, com altos de pacientes sendo realizados sem os devidos critérios médicos.
A coordenadora da ortopedia do hospital denunciou que, recentemente, foram feitas altas de pacientes sem condições adequadas de recuperação. “Ontem à noite, tivemos a surpresa de ver dez pacientes sendo liberados sem a devida autorização para alta médica. Isso é um risco inaceitável para a saúde pública,” afirmou, com grande preocupação.
Além disso, a médica ortopedista Carol Antony, em um vídeo publicado nas redes sociais, fez um alerta grave sobre a situação. Ela informou que a quantidade de leitos foi reduzida, e que, além disso, médicos contratados pela Agir estavam atuando sem a devida autorização do Conselho Regional de Medicina (CRM-AM). “Pacientes estão sendo mandados para casa com curativos sujos, sem saber para onde ir. Isso é desumano”, disse a médica, ressaltando a gravidade da situação.
Salários Atrasados e Desvalorização dos Profissionais Locais
Outro ponto destacado por Wilker Barreto e pelos profissionais da saúde é a desvalorização dos médicos locais, que estão com salários atrasados desde agosto, enquanto a Organização Social Agir recebeu um adiantamento de R$ 31 milhões para gerir o hospital e o Instituto da Mulher Dona Lindu. “A valorização dos profissionais daqui é zero. Enquanto isso, quem chegou agora já recebeu adiantado”, afirmou a médica Carol Antony, em crítica à disparidade no tratamento entre os profissionais locais e os contratados pela nova gestão.
Além dos atrasos salariais, a redução drástica de leitos e de equipes médicas no 28 de Agosto compromete o atendimento nas diversas especialidades. A ortopedia, por exemplo, está com mais de 110 pacientes na fila de espera para cirurgias, mas com a nova gestão, “simplesmente não há como atender essa demanda”, explicou a médica.
Apelo por Ações Imediatas
O deputado Wilker Barreto fez um apelo à Defensoria Pública da Saúde e ao Ministério Público do Amazonas para que tomem as medidas legais necessárias para garantir que o Hospital 28 de Agosto não feche as portas. “A Assembleia Legislativa está em recesso, mas a minha voz não está. Faço um apelo urgente para que as autoridades acionem os mecanismos legais para impedir o fechamento do maior hospital do Amazonas. Isso é um crime contra a saúde da população”, afirmou Barreto.
Ele enfatizou que as autoridades estaduais não têm “condições morais e técnicas” para gerir a maior unidade de saúde do estado e que o povo amazonense está sendo prejudicado pela falta de planejamento e pela precarização do atendimento médico.
A situação do 28 de Agosto continua a se agravar, e a população está cada vez mais preocupada com a qualidade do atendimento. Com a chegada do período de festas de fim de ano, tradicionalmente movimentado nas unidades de pronto-socorro, o medo é de que o sistema de saúde colapse completamente, deixando pacientes sem atendimento adequado e colocando em risco a vida de milhares de pessoas.
Fonte: Portal CM7