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Disparada do dólar tem impacto direto no Polo Industrial de Manaus

Variação cambial recorde afeta custo de produção das empresas que dependem de insumos importados

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Banco Central usou mais de US$ 27 bilhões em leilões para equilibrar a cotação da moeda norte-americana que fechou nesta sexta a R$ 6,0780. (Foto: AFP)

Representantes da indústria e do comércio apresentaram temor com os impactos da disparada do dólar durante a semana. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antônio Silva, ressaltou que a Zona Franca de Manaus (ZFM),   tem uma grande dependência da importação de insumos, de forma que a alta da moeda americana pode impactar diretamente nos custos de produção do Polo Industrial de Manaus (PIM).

A alta pode não ser imediata, em razão de possíveis estoques, mas, caso mantida a tendência, será um grave problema para o ano de 2025”, disse o dirigente da Fieam.

Antonio Silva  afirmou que a desvalorização do real tem causado preocupação no setor da indústria, pois algumas empresas já fazem suas operações com margens pequenas “e qualquer variação cambial tem relevante impacto na precificação dos produtos. Outras devem repassar o custo para o valor final e inibir o consumo, o que resultaria em uma retração do mercado”.

Insumos

Para o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Amazonas (Fecomércio-AM), Aderson Frota, o aumento recorde do dólar tem potencial de interferir no custo das mercadorias importadas, algo inevitável no momento.“Vale ressaltar também que aquelas mercadorias ou aqueles produtos que tenham alguns insumos baseados em dólar também terão um aumento significativo nos seus preços finais. Então essa é uma situação que é uma decorrência política de algum momento em que o governo realmente não atende a determinados preceitos e acaba acontecendo essa disparada”, disse Aderson Frota.

Para o dirigente da Fecomércio-AM, o pacto de corte de gastos apresentado pelo governo federal – e já aprovado em primeiro turno pelo Congresso Nacional – foi considerado por todas as empresas do setor bancário e de serviços como insuficiente para estabilizar a máquina pública e “conter gastos desnecessários que podem desequilibrar o orçamento do governo federal”.

A economista Denise Kassama afirmou para A CRÍTICA que o aumento da moeda no fim do ano é natural, especialmente pela importação de itens natalinos, mas avalia que o aumento ocorrido na última semana é exagerado e possui uma “dose especulativa, tem influência do mercado financeiro que ainda não deglutiu muito bem as propostas de ajustes fiscais”.

Exagero

Um dólar alto, evidente, impacta no preço de tudo que tem componentes importados, então, principalmente nessa época natalina, provavelmente já houve uma oneração no preço de produtos como vinhos importados, o bacalhau e outras coisas assim. Não tem tanta justificativa desse aumento plausível, é comum subir, mas não tão exageradamente”, ressaltou Denise Kassama.

A economista relembrou que o Banco Central precisou intervir para evitar uma disparada ainda maior da moeda norte-americana, mas apontou que, desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), essa foi apenas a terceira vez que a instituição fez uma intervenção. No governo de Jair Bolsonaro (PL), ocorreram 113 intervenções. O atual presidente, Roberto Campos Neto, cujo mandato se encerra em breve, foi indicado pelo ex-presidente para ocupar a presidência do BC.

Ataque especulativo

Aliados do governo federal acusaram o mercado financeiro de promover um ataque especulativo para provocar a alta do dólar. Segundo o portal de investimentos Empiricus, o ato consiste em investidores estrangeiros que negociam com a moeda – o Real, no caso do Brasil – vendam essa moeda local em massa e a troquem por uma moeda de referência, como o dólar, desvalorizando o dinheiro local.

O intuito dessa ação é lucrar com a desvalorização da moeda ou se proteger de inseguranças provocadas pela instabilidade do câmbio. Aliados do governo federal acusaram agentes do mercado financeiro de realizar um ataque especulativo nos últimos dias. A deputada federal pelo Paraná Gleisi Hoffmann, presidente do Partido dos Trabalhadores, já fez reiteradas críticas ao presidente do Banco Central pela desvalorização da moeda.

No último grande aumento, ocorrido em julho, a petista culpou Roberto Campos Neto e o BC seguir de “braços cruzados” em meio a um “ataque especulativo”. Na última semana, a parlamentar criticou “os agourentos do mercado e seus porta-vozes na mídia” de apostar contra o país, “especulando com o dólar e programando uma recessão via alta ainda maior dos juros”.

Ainda querem culpar o presidente Lula por tudo de ruim que eles desejam e planejam. Como se não estivessem no comando da política monetária do BC nesses dois anos e não estiveram por trás da inércia criminosa frente o ataque especulativo contra o real. Como se não fossem responsáveis pelas indecentes isenções tributárias que sangram o país e aumentam a concentração de renda”, criticou.

A queda do dólar em meio à internação do presidente Lula foi apontada por outros aliados como evidência da especulação com a moeda. O vereador eleito de Belo Horizonte Pedro Rousseff (PT), sobrinho da ex-presidente Dilma Rousseff, chegou a dizer que o mercado financeiro “torceu pela morte” do presidente da República

Fonte: A Crítica

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