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A morte de Juliana Marins e a negligência do governo da Indonésia: tragédia anunciada no Monte Rinjani

Publicado

resgatejulianamarins/Instagram

A morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, expôs falhas graves na condução de operações de resgate, acendeu alertas sobre a falta de segurança para turistas estrangeiros e gerou revolta pela aparente negligência das autoridades locais.

Juliana era publicitária, natural de Niterói (RJ), e viajava sozinha pela Ásia desde fevereiro. Apaixonada por aventura, encarou a trilha do Monte Rinjani, um vulcão ativo com 3.726 metros de altitude. No entanto, o sonho se transformou em tragédia na noite de 20 de junho, quando ela caiu de um penhasco de aproximadamente 300 metros.

Seu corpo só foi resgatado quatro dias depois, após buscas dificultadas por neblina, chuva, terreno instável e incertezas operacionais. Familiares e especialistas questionam a conduta do parque e da operação de socorro.

Críticas e suspeitas de negligência

De acordo com depoimentos de testemunhas, o guia da trilha abandonou o grupo após o acidente. Além disso, o parque nacional permaneceu aberto a turistas, mesmo após a notificação do acidente, e o início efetivo do resgate demorou mais de 24 horas.

A falta de estrutura adequada, a lentidão nas decisões e a ausência de comunicação transparente alimentaram uma série de críticas por parte de brasileiros e estrangeiros que acompanham o caso.

Atuação do Itamarati

O Ministério das Relações Exteriores informou que a Embaixada do Brasil na Indonésia acompanhou ativamente as operações de resgate. Dois funcionários foram enviados ao local, e o ministro Mauro Vieira entrou em contato direto com autoridades indonésias.

“O governo brasileiro transmite suas condolências aos familiares e amigos da turista brasileira pela imensa perda nesse trágico acidente”, disse o Itamaraty em nota oficial.

Família cobra responsabilização

A irmã de Juliana, Mariana Marins, se manifestou nas redes sociais:

“Minha irmã morreu sozinha, em um país estranho, depois de horas sem socorro. Que haja responsabilização pela negligência, pelo abandono e por todo o despreparo.”
A família também agradeceu o apoio dos brasileiros que se mobilizaram, criaram páginas de informação e pressionaram autoridades.

Cronologia da tragédia

Sexta-feira, 20 de junho – 19h (horário de Brasília)
Juliana sofre queda durante a trilha no Monte Rinjani, despencando cerca de 300 metros.

Sábado, 21 de junho – 17h10
Equipes iniciam buscas após mais de 24h. Juliana é avistada imóvel em uma encosta por drone de turistas.

Domingo, 22 de junho – 19h04
Itamaraty divulga que mobilizou autoridades indonésias em alto nível. Dois funcionários são enviados ao local. O ministro Mauro Vieira solicita reforços.

Domingo, 22 de junho – 19h04
Parque Nacional do Rinjani publica que Juliana foi localizada presa em encosta rochosa, a cerca de 500 metros de profundidade. Estava imóvel.

Segunda-feira, 23 de junho – 1h
A página “Visit Mount Rinjani” relata que os gritos de Juliana ainda ecoam. O parque ainda aguarda resposta oficial.

Segunda-feira, 23 de junho – 5h
Tentativa de resgate é suspensa pelo mau tempo.

Segunda-feira, 23 de junho – 11h36
Dois montanhistas com equipamentos especializados são acionados para tentar resgate. Não há confirmação de atuação noturna.

Segunda-feira, 23 de junho – 21h
Resgate seria retomado na manhã do dia 24. Um helicóptero entra em avaliação.

Segunda-feira, 23 de junho – 23h50
Equipes descem 400 metros, mas estimam que Juliana está a 650 metros. Dois helicópteros ficam de prontidão.

Terça-feira, 24 de junho – 4h30
Três planos de resgate são ativados. Condições climáticas impedem o uso do helicóptero.

Terça-feira, 24 de junho – 6h
Autoridades fecham trecho da trilha para afastar turistas.

Terça-feira, 24 de junho – 11h
Juliana Marins é oficialmente encontrada morta.

Um sonho interrompido

Juliana havia deixado o emprego para se dedicar a uma viagem de autoconhecimento. Com milhares de seguidores nas redes sociais, compartilhava cada passo com entusiasmo e coragem. Sua morte comoveu não só amigos e familiares, mas também desconhecidos que acompanharam o caso com esperança e revolta.

O corpo da brasileira será trazido ao Brasil nos próximos dias para o sepultamento.

*Matéria em atualização

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Mantido por Jhony Souza