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AMAZONAS

Aumento de ocupações irregulares em Manaus reflete crise habitacional na capital

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O número de ocupações irregulares em Manaus vem crescendo significativamente, atingindo pelo menos 68 comunidades atualmente, em comparação com 40 registradas em 2022. Esse panorama reflete a crise habitacional enfrentada pela população da capital amazonense, onde o valor do metro quadrado de um imóvel alcançado R US$ 5,6 mil em março deste ano, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

A cozinheira Valdeci Rodrigues, 39 anos, é uma das muitas pessoas afetadas por essa realidade. Há uma semana, ela se mudou para a comunidade Buriti, na zona Norte de Manaus, após sua casa no bairro Monte das Oliveiras ser condenada devido a uma penetração. Vivendo com o marido, seis filhos e uma neta, Valdeci relata as dificuldades de encontrar moradia acessível na cidade. Mesmo com o auxílio aluguel de R$ 600, o custo de vida tornou-se a permanência em um imóvel alugado inviável.

O medo constante de despejo não assombra apenas Valdeci, mas aproximadamente 6 mil famílias que habitam áreas ocupadas irregularmente na mesma região, como a comunidade Nova União. A falta de infraestrutura básica, como ruas de barro, energia elétrica instável e acesso limitado à água potável, é uma realidade compartilhada por muitos desses moradores.

Para Maria Eliana Lourenço, assistente social da Associação dos Moradores da Comunidade Nova União, a situação é crítica, especialmente considerando a diversidade de nacionalidades e origens dos residentes, todos em busca de oportunidades na capital. A demanda por serviços básicos, como educação, é alta, mas os recursos são escassos.

O aumento das ocupações irregulares coincide com o crescimento do preço médio do metrô quadrado em Manaus, que subiu de R$ 5,8 mil em 2022 para R$ 6,5 mil em março deste ano. Essa realidade expõe a dificuldade de acesso à moradia digna para a maioria da população, cuja renda não acompanha o ritmo dos preços do mercado imobiliário.

Henrique Medina, presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Amazonas (Ademi-AM), destaca o déficit habitacional de cerca de 120 mil imóveis no estado e os desafios enfrentados por quem busca adquirir uma casa própria. Os programas municipais, estaduais e federais de habitação têm como objetivo enfrentar essa crise, mas as demandas ainda superam as capacidades de resposta do poder público.

Em meio a essa complexa realidade, as ocupações irregulares representam uma das facetas da expansão urbana de Manaus, alimentada pela ilusão de oportunidades em uma metrópole em crescimento. No entanto, para muitos, a busca por moradia adequada continua sendo uma batalha diária em meio a um mercado imobiliário inacessível.

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